Espaireça

Teresa, você é a coisa mais bonita que eu vi até hoje na minha
vida, inclusive o porquinho-da-índia que
me deram quando eu tinha seis anos.

Manuel Bandeira




Corrida para o Oeste

segunda-feira, 1 de março de 2010

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Muito antes do advento das grandes navegações, já havia fortes contatos entre a Europa e o Oriente. Graças às especiarias fundamentais para o comércio, países como China e Índia eram extremamente valorizados e necessários para o desenvolvimento do capitalismo ocidental. A tão famosa globalização nasceu a partir do comércio ultramarino que expandiu os horizontes do homem e o colocou diante de diversas outras culturas e etnias.



Enquanto no século XV o Oriente era muito mais valorizado pelo Ocidente, devido a interesses econômicos, hoje essa situação se inverteu nos aspectos culturais e étnicos, já que os olhos grandes e o tom de pele mais claro se tornaram padrões de beleza almejados por mulheres de olhos puxados ou pele negra.



A cultura norte-americana foi forte e rapidamente disseminada no contexto da guerra fria com o intuito de consolidar sua hegemonia mundial. Ao verem os “traços perfeitos” das lindas mocinhas nos filmes hollywoodianos ou nos clipes da madona, chinesas, japonesas e africanas se submetem a arriscadas e dolorosas cirurgias plásticas para remodelar o rosto, ficarem meros 10 centímetros mais altas ou branquearem seu tom de pele, como é o caso de 67% das senegalesas.



Daí percebe-se a tamanha influência da mídia nos padrões de beleza mundiais. A obsessão das africanas e asiáticas para copiar os traços ocidentais evidencia um complexo de inferioridade e perda da identidade. É indiscutível que os efeitos da globalização repercutem positivamente no intercâmbio de culturas, mas é exagero que se ponha a vida em risco apenas para seguir algo tão efêmero.



As fronteiras geográficas foram transpostas e os “muros de Berlim” foram derrubados. Além das fronteiras concretas, há também grande dedicação para ultrapassar as fronteiras biológicas em função do suposto triunfo social garantido pelo grau de beleza. Essa idéia medíocre pode ameaçar a identidade das nações, acabar com o mundo multifacetado, criando pessoas iguais, monótonas e sem graça.

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