Andei sumida, mas hoje resolvi escrever.
Cheguei agora de um breve bate-volta ao Guarujá. O tempo não estava dos melhores, não vi sequer a cor do mar, abandonei os amigos, mas foi uma noite bem agradável e diferente. Além disso, sair da secura torturante de São Paulo deixa qualquer indivíduo de bem com a vida né?
No caminho de volta, a pista era quase deserta, o que me fascinava. Tenho uma estranha paixão por estradas. Elas são silenciosas, mas me dizem tanta coisa... Nela os carros passam batido e seguem um rumo determinado. Já eu me jogo em devaneios desordenados que fazem curvas à alta velocidade, ainda mais quando alguma música acompanha minha viagem. Só a música tem o estranho poder de nos transportar no tempo e no espaço de uma forma alucinante. Não importa se ela é sofisticada ou não, se tem rimas pobres ou ricas. Seja Caetano Veloso dizendo " Não importa com quem você se deite / Que você se deleite seja com quem for / Apenas te peço que aceite /O meu estranho amor " ou Fernando & Sorocaba dizendo " Hoje cedo acordei, mas sei lá / uma coisa diferente em mim ", a música quase sempre nos remete a algo, ou alguém. E cada ponto que atingíamos da serra do mar me deixava ainda mais perdida nos pensamentos. A combinação de velocidade, cheiro de mata latifoliada e música sertaneja me levava cada vez mais longe. Voltei um ano atrás, em uma cidade pacata de sotaque caipira. Fechei os olhos e pude até ver o sol cintilando através do insulfilm e a placa da cidade se aproximando. Quando abri, me decepcionei com a placa que indicava apenas “São Paulo- 23 km”. Eu queria que a viagem nunca acabasse até que eu visse a cidade do meu sonho.
Aqui dentro era tudo estranho e inexplicável. Aconteciam coisas que fugiam totalmente ao meu controle. Não havia radar ou qualquer outro tipo de fiscalização. Apenas uma única sinalização estranha. Eu e minhas estradas com minhas estranhas paixões...
Mas uma mudança brusca de música me despertou daqueles bons delírios e me trouxe de volta para São Bernardo do Campo.
Então, não me restou outra saída, a não ser seguir para casa a contra gosto, abrir o lap top e traduzir minha decepção nessas palavras sonolentas. Boa noite.