Espaireça

Teresa, você é a coisa mais bonita que eu vi até hoje na minha
vida, inclusive o porquinho-da-índia que
me deram quando eu tinha seis anos.

Manuel Bandeira




Meaning

terça-feira, 4 de agosto de 2009

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http://www.youtube.com/watch?v=bAK4kI37nZM
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Já faz uns anos quando ouvi essa música pela primeira vez, mas me lembro como se fosse hoje. Lembro-me perfeitamente... Foi em meu ano de intercambio nos EUA, estávamos meu “irmão” e eu a caminho da escola, atrasados como de costume. As imagens são muito nítidas, devia ser outono, sei lá, sei que chovia bastante, estávamos em um carro branco velho, eu estava com frio e o aquecedor levava algum tempo para funcionar. Sempre fui de poucas palavras, e Nathan era esquisito, era legal, mas nunca conseguíamos bater um papo como eu fazia com os outros, de manhã então, o diálogo se limitava à: “Morning!... Morning.”

Aquela era uma manhã como todas as outras, ou pelo menos deveria ter sido, mas a guardo na memória desde então.
Em meio àquele marasmo matutino e chuvoso me surpreendi com aquele teclado e aquela voz... Surpreendi-me ainda com o fato de Nathan estar ouvindo aquela música, já que ele sempre ouvia suas coisas estranhas. Pareceu-me que ele havia feito uma exceção. A escola era aproximadamente 5 minutos de casa, então pude ouvir a música inteira.

E durante aqueles 3 minutos de música fui estranhamente feliz, fiquei imóvel, meus olhos fixavam apenas um ponto do pára-brisa, onde a chuva caia não com muita força, mas de um jeito que me fazia adorar aquele momento ainda mais. E ao mesmo tempo em que aquela sensação maravilhosa me tomava, eu temia que ele mudasse a música. Na verdade esse foi meu único pensamento naqueles breves momentos, eu esqueci o frio que sentia, esqueci que teria aula em poucos instantes, aquela harmonia perfeita de voz, teclado e chuva me causaram um tipo de êxtase que eu não queria que acabasse logo. Acho que foram os 3 minutos mais bem vividos do dia.

Depois daquele dia, passei a ouvir mil vezes por dia. Não sei bem até quando me lembrarei daquela manhã. Hoje tenho uma nova música favorita a que ouço mil vezes por dia, mas ainda quando me dou por escutar aquela, lembro da chuva batendo no pára-brisa do carro branco velho, e um esquisito ao meu lado.

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