Espaireça

Teresa, você é a coisa mais bonita que eu vi até hoje na minha
vida, inclusive o porquinho-da-índia que
me deram quando eu tinha seis anos.

Manuel Bandeira




Difícil verdade ou triste realidade?

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008



Há muito tempo estava procurando algo para escrever, mas nenhuma idéia me vinha à cabeça, escrevi algumas coisas, mas nunca terminava e acabava abandonando. Acho que agora vai...
Fui ao cinema, bem no natal, depois da festa, da comilança, dos presentes, dos beijos e abraços, a noite do dia 25 se torna um pouco vazia eu acho. A comida se foi, a expectativa para o natal era tanta que se acabou, acho que todos os dias poderiam ser tão... “mágicos” quanto. Mas realmente não dá, se fosse assim, o dia 25 não seria NATAL (Óooo). Larguei um pouco os livros em casa, depois penso em vestibular, segunda fase, amanhã eu estudo...
Mas hoje eu vou falar de cinema, dessa poderosa arte de transformar uma grande sala em uma pequena fresta para as mais belas sensações, imaginações e emoções. Quebram-se todas as barreiras reais, abre-se espaço para as realizações mais malucas possíveis e imagináveis (literalmente). Transformam-se brutalmente algumas imagens formadas que temos de algo (isso pode ser bom ou ruim), e aquilo que um dia foi assombroso se torna apaixonante, o que poderia ser impossível se torna mais palpável do que nunca.
Vampiros, por exemplo: apenas uma das imagens mais macabras que tenho. Claro, esse personagem da literatura de horror causa pânico em qualquer humano que imagine dois caninos gigantes fincados no pescoço, a imagem de uma pessoa sombria desaparecendo na névoa realmente é algo de se temer, mesmo pertencendo apenas ao mundo da ficção. Mas diante daquela super tela de cinema, ele aparece da forma mais doce e formosa, dando uma mega rasteira na visão estereotipada que temos desses “monstros”.
Será possível um deles se apaixonar perdidamente... A ponto de lutar contra seu próprio instinto para não sugar o sangue de sua amada, como fez Edward Cullen? Sim, seria. Uma figura lindamente misteriosa e temperamental parece encontrar em Bella Swan uma razão de viver, muito mais forte que o louco desejo por seu sangue. Seu olhar fixo e sedutor prende a atenção de qualquer garota que sonha com o príncipe encantado contemporâneo (ainda que morto-vivo). Assim desencadeia-se uma fascinante paixão, praticamente à primeira vista, mas que foge a alguns clichês tipicamente românticos.
Qualquer jovem garota facilmente se apaixonaria por Edward, pelos olhos mais envolventes que os olhos de ressaca de Capitu, capazes de tragar com força infinitamente maior que aquela que tomou Bentinho. Com sua personalidade reservada, seu gênio frio, um pouco orgulhoso, Bella não sabia de muitas coisas, mas de três estava convicta: A primeira, Edward era um vampiro. A segunda, havia uma parte dele, e não sabia que poder essa parte teria, que tinha sede do seu sangue. E a terceira, estava incondicional e irrevogavelmente apaixonada por ele. Toda aquela força tinha se dissipado em sensibilidade e paixão.

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O clima lúgubre se inicia com a chuvosa e fria cidade de Forks, onde o tédio aparentemente impera, mas a natureza se revela renovadora mesmo sob um céu nebuloso, criando a mais bela paisagem que oscila entre o romântico e o sombrio.
O amor proibido entre um vampiro cativante e uma mortal introspectiva se mostra mais real do que nunca e aflora a imaginação e curiosidade do publico, formado em 75% por mulheres (Por que será?). O encontro do casal protagonista se faz entre a repulsa e um intenso envolvimento, já que ambos são fortemente atraídos (ele não tem mais força para ficar longe dela), mas sentem que algo os impede que fiquem juntos. Outra estória de amor, mais ou menos um Romeu e Julieta ala Frankenstein, misturando o amor platônico e intransponível do primeiro com um pouco do clima de terror do segundo, tendo ainda uma pitada de ações sobrenaturais de Smallville, numa mágica mescla de romance, terror e fantasia.

Muitos críticos afirmam que o filme não é muito fiel à obra de Stephenie Meyer, na qual o filme foi baseado, que inclusive chegou a 5º lugar na lista de Best-sellers do The New York Times e foi traduzida para mais de 20 línguas, resumindo: a sensação do momento. É normal que haja discrepância entre o enredo escrito e o cinematografado. Claro... compactar quase 400 páginas em 2 horas não deve ter sido uma tarefa fácil para Catherine Hardwicke. Mas prefiro ler o livro antes de tecer comentários descabidos, assim que ler terei mais o que falar eu acho.


Esse romance causa um forte envolvimento com os leitores ou telespectadores, pois aborda o mito dos vampiros de forma inédita, muito diferente das crônicas vampirescas tradicionais, como o assustador Drácula; além de retratar a paixão incondicional tanto no viés romântico quanto no trágico, aproximando sutilmente o amor e o medo. Está explicado o sucesso absoluto da saga.
A cena que quase encerrou o filme foi a que mais chamou a atenção, já que é típica dos filmes convencionais e geralmente a mais temida: quando o monstro feio está prestes a abocanhar o pescoço da mocinha e transformá-la numa sanguessuga. Mas essa foi completamente diferente... O que seria medonho e trágico se transformou sonhador e mágico. É algo entre a loucura e o romântico, os dois juntos talvez, inenarrável seria a melhor descrição para a cena.


Mas logo se acenderam as luzes, o filme acabou e deixou a triste sensação de que as barreiras foram reerguidas, a realidade voltou e toda a magia se acabou. Como a realidade é decepcionante às vezes... Saímos da sala sonhando em dar de cara com aquele cara maravilhoso, nem que seja um vampiro (bonzinho, claro), desde que tenha os olhos tão lindos como os dele. Em contrapartida só o que vemos são os manos com olhos perversos secando dos pés à cabeça as pobres meninas indefesas. Outros, mais nó cegos, até batem o carro na guia por desviarem a atenção do transito só para dar uma piscadinha ridícula (por mais incrivel e tosco que pareça...sim, isso aconteceu, rs). E as responsabilidades, os problemas, que por algum momento foram esquecidos voltam a atormentar... lembrei do que ainda preciso estudar e da minha prova em janeiro. =/
Ah, que chato! O que era doce se acabou, as personagens super veneradas por alguns não mais existem, Edward e Bella nunca existiram e passam a ser simplesmente Robert Pattinson e Kristen Stewart, atores, estrelas de Hollywood, ainda absolutamente lindos, mas meros mortais que distribuem autógrafos e dão breves entrevistas.
Quando a realidade volta à tona, caímos do cavalo, após algumas horas de encanto e ficção não vemos mais a paisagem vibrante do filme, assistimos apenas aos retrospectos do ano pela televisão, muitos bem trágicos. Fazer o que? Esse é o mundo onde vivemos, tem suas grandezas, obviamente, mas nem sempre é tão legal quanto as histórias surreais, em que o bem na maior parte das vezes suprime o mal e todos vivem felizes para sempre. O importante é achar um final feliz no meio dos percalços da vida, ainda que não seja dançando nos braços de um lindo homem com olhos de vampiro dissimulado.





Crepúsculo, super recomendo

Retrato escrito

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Finalmente cheguei a uma conclusão sobre o título desse meu blog. Tenho observado que a maioria dos meus colegas “blogueiros” apresenta e comenta o título antes de escrever qualquer outra coisa, mas farei diferente.... Não para ser diferente apenas, mas porque tenho sérios problemas com títulos.
Enfim... Retratos. De uns tempos pra cá descobri que fotografia não se limita àqueles retratos que tiramos loucamente para exibir no Orkut. Vai muito, mas muito além! Os dicionários dizem que é uma arte ou processo de produzir imagens pela ação da luz em filmes. Concordo, mas vou além novamente: fotografia é toda imagem projetada na cabeça de cada um, formando filmes completamente diferentes, seja pela ação da luz ou da escuridão, desde que seja tirada sob diferentes ângulos e focos.
E esse é o lugar para compartilhar (sei lá com quem) as fotografias que tenho tirado diariamente e mostrar um pouco da visão que tenho do mundo, vou tentar ser a mais panorâmica possível, porém nada prometo, já que não existe texto no mundo seja totalmente objetivo. Aqui publicarei meus retratos e relatos, como forma de me saciar, entreter, divagar , e o que houver de verdade ou mentira, vai do gosto do freguês. Talvez o que estiver escrito aqui seja pequenos flashes para a formação do meu retrato, ou não.

Vegas, please

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"Vegas"
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Gonna sell my car and go to Vegas
'Cause somebody told me that's where dreams would be
Gonna sell my car and go to Vegas
Finally see my name upon the Palace marquis
Gonna quit my job and move to New York
'Cause somebody told me that's where dreamers should go
Gonna quit my job and move to New York
And tattoo my body with every Broadway show.
Listen up now honey, you're gonna be sorry
Can't get out from under a sky that is falling
And you say…No fame no money I'm nobody
The way I'm running has sure got me down on my knees.
But next stop, Vegas please.
Gotta get to Vegas
Can you take me to Vegas?
Gonna sell my house and cross the border
'Cause somebody told me dreams live in Mexico
Gonna sell my house I got to lose ten pounds and cross the border
And make sweet love upon the white sandy shore.
I'm gonna lose my mind and sail the ocean.
'Cause somebody told me there were cherry blue skies
I'm gonna fix my mind with a final destination
And have a deep sleep upon a sweet dream I'll never realize...no
Listen up now honey, you're gonna be sorry
Can't get out from under a sky that is falling
And you say … No fame no money I'm nobody
The way I'm running has sure got me down on my knees.
Next stop, Vegas please.
Can you take me to Vegas?
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Adorei essa música! Não canso de escutá-la, após ouvir uma vez, ouço outra, e outra e outra.... Aposto que eu não sou a única que tem esse hábito tosco! RS
Mas o papo agora é VEGAS! Tem vezes que dá uma louca vontade de jogar tudo para o alto, largar tudo aqui e partir para Nevada numa noite longa e maluca no “parque de diversões da América”.
Como mostram alguns filmes, Vegas é o lugar da diversão ilimitada, das aventuras mais doidas e das loucuras inconseqüentes, de preferência realizadas por quem foi desapontado, abandonado, ou aqueles que estão nos “momentos escuros” da vida e vão procurar solução nas luzes dos cassinos e boates de Lãs Vegas. Ah se fosse fácil assim...
Não há problema algum em saber que Vegas é idealizada nos filmes e na mídia em geral como o lugar dos sonhos e da diversão ilimitada. Não ligo que Vegas é lugar para a casta elite gastar sua vasta fortuna. E daí que eu jamais vou ganhar no cassino? E muito menos vou voltar casada com o gatíssimo do Ashton Kutcher! (que pena!). Também não vou vender meu carro (nem tenho) ou me demitir como disse Sara Bareilles. Mas eu quero ir pra Vegas. Can you take me to Vegas?



02/12 - Dia do samba


Viva o samba!
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Seja samba enredo, gafieira ou canção
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Cante Vinicius, cante Zeca
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Mas toque sempre no coração!

Chutei mesmo

Hoje eu dei uma bela de uma bica nele. Coitado, chutei o balde MESMO. 26 de novembro, quarta- feira, oito e cinco da noite. Estou aqui, escrevendo não sei nem pra quem (talvez ninguém), apenas sei o porquê: saciar-me. Num dia comum de semana, estudando era o que eu deveria estar fazendo, assim como todos os meus colegas concorrentes, principalmente após um vestibular maldito e à véspera de outros.
No entanto, fui assaltada por uma preguiça incontrolável e sua gangue: a inconseqüência, o imediatismo e o marasmo. Roubaram- me o ânimo e a força que outrora eu tinha de sobra, que injustiça! O pior é não ter nem a quem recorrer, a não ser a mim mesma, mas esta parece não ligar para nada no momento. Assisti até vale a pena ver de novo! Nunca me senti tão vagal, a pior das pecadoras, a consciência foi engordando, assim como eu depois de tanto brigadeiro (meu Deus!!). Em breve as conseqüências virão, espero que não sejam tão catastróficas. Mas sempre vale a lei do mais forte... A preguiça venceu, foi um verdadeiro knockout, ainda estou levando uns socos na cabeça, mesmo assim estou muito bem ao som de Gavin Degraw, escrevendo pra mim mesma, por isso quero que o vestibular e todas as apostilas MORRAM!
Nessa luta, é como se a preguiça quisesse me acordar à medida que acaba comigo, parece dizer coisas do tipo “Vai mesmo se ferrar nas provas? Não vai estudar?”, ou “ Já viu o tamanha dessa barriga? Não vai parar de comer?” Tô nem ai! Ah, um diazinho só! Não deve fazer tão mal assim, sei que a correria impossibilita esse descarrego, mas faz um bem danado sair da tão chata rotina, cansei de estudar todos os dias até perder o controle das pálpebras.
Como não tenho mais muita coisa a falar, vou parar por aqui pois a novela das 8 já vai começar!

PS: Achei meio tosco esse texto, mas hoje é dia de chutar o balde. Se bem que o blog é meu e escrevo quanta merda eu quiser! haha

TIC TAC

Uma coisa que tem me incomodado muito nesses últimos dias é o natal. Há semanas que subo as escadas do metrô, cambaleando de sono e arrastando um peso que parece infinito e dou de cara com uma árvore de natal toda enfeitada (muito mal, por sinal). Isso causa um impacto meio forte para se sofrer às 6 e meia da manhã, início de um dia longo e maçante de cursinho.
25 de dezembro, uma data linda sim, embora as pessoas a usem hipocritamente para pôr em atividade as virtudes e a harmonia que o ano inteiro foram jogadas no bueiro do esquecimento, além de alimentar as boas esperanças para o novo ano que em se aproxima (no qual se passará a mesmíssima coisa).
Na verdade nem é esse o foco do texto, quero falar mesmo é da mania que o povo tem de SEMPRE antecipar as coisas, com meses de antecedência já se fala de panetone, chester e todas as liquidações malucas de natal. Tenho certeza de que logo que virar o ano, a páscoa já vai reinar em todos os lugares também. Tudo isso só para incentivar o consumismo? Todas as decorações alegres e iluminações das ruas são apenas para nos fazer gastar com presentes caros e garantir uma mesa farta? O Natal hoje é um símbolo de consumo. Há tantos que vêem nessas datas um dia de engordar e presentear, que coisa! Nem se lembram do Cara que mais merece atenção e prestígio.
O brilho ofuscado durante o ano inteiro recupera-se acompanhado do espírito natalino que nasce repentinamente nas pessoas, cheias de discursos ufanistas e um pouco utópicos, a violência só vai deixar de existir se todos nascerem novamente, não de um ano para outro. Fico imaginando o porquê da proximidade do ano novo gerar tanto impacto, todos resolvem se amar, se abraçar e proferir palavras de sucesso uns aos outros, mesmo após um ano assaz turbulento. O fim do ano tem o estranho poder de transformar nos em verdadeiros atores e atrizes.
Tenho a impressão de que o mundo gira a cada dia mais rápido, e exigi de seus moradores a mesma pressa e impaciência, mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma. Justamente por isso que o presente se faz cada dia precioso e deve indubitavelmente ser vivido de forma mais intensa possível. Por que não venerar o natal em sua propícia data? Acredito que essa espera louca pelo futuro em detrimento do presente é que faz do tempo um grande inimigo de muitos de nós. Ele chega apressado e sem paciência, torna-se cada dia mais escasso na medida em que se deixa de aproveitar o que está acontecendo hoje para se preocupar com amanhã.
Claro que deve haver planejamentos. Almejar e garantir prosperidade para o futuro é legal, mas isso não pode tirar nosso apreço pelo dia de sol que faz hoje, até porque o amanhã nunca chega, todo dia já foi amanhã, hoje e será ontem. Esse conceito de tempo nos remete a questionar quem foi o criador dessa massacrante contagem regressiva que dá ao homem a horrível sensação de estar sendo consumido como as farturas de uma mesa de natal.

O fantástico mundo de Bob


Imagine um lugar. Um lugar onde cada um faz o que quer. Onde não há lei alguma ou qualquer restrição. Sem limites, sem preocupação, sem punição. Um lugar, onde se pode comer chocolate à vontade sem engordar e ver o nascer do sol na calçada de casa sem se preocupar.
Mesmo com todos os feitos extraordinários do homem, a sua imaginação é ainda o melhor atributo, apenas com ela podemos ir além do que o dinheiro proporciona, além do que o tempo e a coragem permitem. Poucas coisas seriam feitas sem a criatividade humana exuberante e ilimitada. Essa é uma riqueza à qual todos têm acesso, a única que não acaba e é impossível de ser roubada ou comprada; torna mais agradável a massacrante rotina e às vezes é uma válvula de escape para os problemas.
“Vou-me embora pra Pasárgada”, Manuel Bandeira fala em seu poema de um lugar idealizado, onde seria amigo do rei e teria todas as mulheres que quisesse, viveria uma aventura de modo inconseqüente em outra civilização. Assim como o Manú, todos sonhamos com um mundo ideal, um lugar perfeito e lindo onde pudéssemos causar às pampas e realizar todas as loucuras sem nos preocupar com as conseqüências futuras. Ninguém resiste à tortura que é a vida do século XXI, à luta pela sobrevivência, em que viver não é simplesmente existir, é uma luta diária, uma insistência. Precisamos de algo que transcende o mundo material, que nos faça esquecer por alguns instantes a violência que paira em todos os lugares, a água que está acabando, a corrupção gigantesca disfarçada de democracia, ou o sucesso no vestibular que milhares de jovens almejam incessantemente (desabafo).
Óbvio que muito melhor do que isso é realizar todos os desejos e fantasias que passam pela cabeça e torná-los palpáveis. Infelizmente as coisas são muito mais complexas do que parecem, nem tudo é possível devido às restrições legislativas, pessoais, religiosas ou físicas. Que mulher nunca quis olhar a Terra de longe nos braços do supeman? Que criança nunca sonhou em ser o próprio superman? Há coisas que caem melhor no universo imaginário apenas.
Enquanto a criatividade aflora na cabeça de cada um e destoa da fria realidade, vamos fazendo um pouco daquilo que não parece ser tão absurdo: comer chocolate até passar mal (danem-se as calorias), ou viajar nos braços do nosso próprio superman, as crianças se preocuparem em ajudar o mundo de tal maneira que sejam vistas como pequenos heróis.
Saudável hábito esse de viajar nas idéias, explorar o mundo infinito que existe dentro de cada um e olhar o lado cor-de-rosa da vida. Façamos cada um o próprio planeta, com as próprias leis e a própria gravidade, onde a liberdade é tanta que é possível voar alto sem cair nem quebrar a cara. Sejamos escoteiros da própria alma.

Olha a faca


Fui semana passada surpreendida por dois fatos completamente antagônicos. Apesar de não me espantar muito, fiquei pensando nos dois casos e estou chegando à conclusão de que a humanidade esta cada vez mais desumana e paradoxal. Novidade... O pior de tudo é saber que eu também faço parte dela e infelizmente não fujo à regra, por mais que queira dificilmente alguém escapa da hipocrisia que tem sido essa coisa que chamamos de sociedade.
O primeiro deles foi a mulher que morreu no Rio de Janeiro durante uma lipoaspiração. Provavelmente muitos agora se perguntam o que pode ter dado errado, principalmente o marido que tanto insistiu pra que ela não a fizesse, já que é tão comum esse tipo de cirurgia. Talvez “comum” não seja a palavra mais adequada, mas sim “na moda”. Bom, sei lá!
Na mesma semana vi um vídeo sobre a ilha das flores, um lugar em Porto Alegre onde há muitas coisas, menos flores. Um nome meio estranho para um depósito de lixo não? Mostra a situação degradante em que vivem muitas pessoas para apenas amenizar a fome com o resto do resto da comida, antes rejeitada por uma cidadã qualquer de classe média, depois rejeitada pelos porcos criados em um terreno na tal ilha das flores. O filme aborda além da questão social, sérios problemas sobre o destino do lixo e o tamanho dano ambiental por ele causado, já que esses aterros improvisados são o verdadeiro “samba do criolo doido”, tendo lá tudo quanto é tipo de resíduo.
Agora convenhamos, não é tão difícil assim separar o lixo para reciclá-lo! Até porque nós, seres humanos, fomos privilegiados pelo tele encéfalo altamente desenvolvido e polegar opositor, diferentemente do porco.
Por que em um país onde se plantando tudo dá, tantas pessoas pegam restos de comida do chão? Por que enquanto alguns querem usar a faca para tirar gordura do corpo, outros não podem usar a faca como sua função mais básica? Essas talvez sejam questões irrespondíveis que não fazem o mínimo sentido, já que somos uma sociedade contraditória e de contrastes. Pensando bem, uma resposta bem simplista seria: é esse capitalismo selvagem que assola o país e gera essa desigualdade grotesca, exclusão social e a disparidade entre a elite consumista e os milhões de miseráveis blá, blá, blá. Esse papo está meio ultrapassado e fazendo as pessoas se acomodarem e culparem apenas o sistema econômico por essa triste realidade. Óbvio que tudo isso é verdade, mas talvez tenham outras coisas que devem ser levadas em consideração, a consciência e o bom senso por exemplo. Se a consciência existisse (pelo menos a ecológica) nos 180 milhões de brasileiros, o meio ambiente não estaria nessa imundice. Mas essa é outra questão.
O fato é que o documentário é de 1989, estamos hoje em 2008 e a situação não está muito diferente, o que comprova que a humanidade caminha como disse nosso querido Lulu: com passos de formiga e sem vontade.










Smile

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Smile though your heart is aching
Smile even though it's breaking
When there are clouds in the sky, you'll get by
If you smile through your fear and sorrow
Smile and maybe tomorrow
You'll see the sun come shining through for you
.
Smile, what's the use of crying?
You'll find that life is still worthwhile
If you just smile

Não Xingue os animais

domingo, 14 de dezembro de 2008

Na tentativa de deletar um antigo blog que estava vazio, abandonado e jogado às traças, acabei deletando o atual. Bem ele, que tanto me alegrava e satisfazia se foi! Fiquei inconformada e muitíssimo nervosa com a minha atitude, então repetia brava e vorazmente “Burra, besta, anta, burraaaa!!!”. Tudo bem, nunca é tarde para reconstruir uma vida, muito menos um blog, até porque, graças à tecnologia, todos os textos estão salvos, vou então publicá-los DE NOVO! Burra.
Esse é um hábito impregnado em todos nós, humanos. “Xingar” ou ser xingado com nomes de animais é uma das atitudes que faz parte do nosso cotidiano e que não paramos para pensar na amplitude do problema, ou dos problemas.
Só por causa de seu tele encéfalo altamente desenvolvido, o homem se acha superior aos outros seres do planeta, mas isso não prova que é mais inteligente, ao contrário, prova que é muito mais vil, selvagem e BURRO, ao cometer (em sã consciência) tantas indecências consigo mesmo, com os animais e com o planeta, em função das suas próprias vaidades e futilidades.
Quando um indivíduo para no cruzamento, é comum alguém berrar “ ANIMAL!!!” , quando fazemos algo estúpido (nada raro), soltamos logo um “burro!”, mas nem paramos para pensar no burrinho que carrega pesos excessivos no lombo, além de ser chicoteado na bunda para andar mais rápido longas distâncias. Algumas mulheres se referem a outras por vaca quando se sentem ameaçadas na hora de conquistar um gato (um dos raros animais que servem de elogio e não depreciação). Mas não pensamos no gado confinado, esperando a hora da morte e mal tratado nos rodeios ridículos em uma exibição patética. À pessoa sem caráter, chamamos de cobra, à mulher promíscua chamamos de galinha, aos não-muito-higiênicos chamamos de porco, e as gordinhas chamamos de baleia. Que insulto! Aos animais é claro.
É só parar para pensar e ver quão estranho é ofender os animais dessa forma, subestimando sua inteligência e capacidade e culpando-os pelas atitudes estúpidas do ser humano. Ser humano? Será?
Os animais, que segundo os “super-homens” são irracionais, levam uma vida super inteligente, possuem interessantíssimas estratégias de sobrevivência, através das mais belas cores, formas e sons, para a perpetuação da espécie. E as baleias, que são cercadas de amigos golfinhos, têm vida sexual ativa e desbravam os mares, conhecendo lugares magníficos como as Banquisas de Gelo da Antártida e os Recifes de Coral daPolinésia, e, no entanto são caçadas indiscriminadamente para virarem óleo! Por que compará-la a uma mulher para depreciá-la? Baleia deveria ser um adjetivo, não uma ofensa.

Será que essas criaturas tão simpáticas e espertas vieram ao mundo apenas para servir, sofrer e morrer? A questão sobre a função de cada indivíduo no mundo é um tanto quanto filosófica e levaria horas se analisada minuciosamente, mas não é possível que a vida fascinante e a diversidade da natureza devam ser submetidas a tantas humilhações e degradações humanas (humanas?).
Enquanto nos chamamos de animais, muitos desses pobres coitados estão presos, tentando fugir desesperadamente das gaiolas, cercas, coleiras, etc... Alguns esperando pela morte, outros pela pelagem insana que garante o casaquinho das madames.
Não que eu esteja sendo desumana ou desvalorizando minha espécie, até por que são infinitas as grandiosidades que conquistamos e continuamos conquistando, mas acho impressionante que sejamos movidos pela ânsia, ambição e efemeridades, e por isso atropelamos tudo e todos. Nas selvas há também conflitos, por comida, fêmeas, espaço talvez. Mas apenas para garantir a sobrevivência e preservação da espécie. O mundo animal dos humanos é muito mais selvagem que o dos bichos.
O burrinho, o cavalinho, a vaquinha e a galinha nada têm a ver com as idiotices humanas. Comparar-nos a eles é uma ofensa aos bichinhos indefesos, que clamam por alguém que os liberte das monstruosidades do homem, este que mais parece um monstro insensível que um ser humano. Pobres animais. Pobres homens que se dizem donos do planeta e tudo o que nele habita e, no entanto, são seres tão pequenos e infames se comparados à natureza tão bela, grandiosa e criada com tamanha perfeição.



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