Espaireça

Teresa, você é a coisa mais bonita que eu vi até hoje na minha
vida, inclusive o porquinho-da-índia que
me deram quando eu tinha seis anos.

Manuel Bandeira




Não Xingue os animais

domingo, 14 de dezembro de 2008

Na tentativa de deletar um antigo blog que estava vazio, abandonado e jogado às traças, acabei deletando o atual. Bem ele, que tanto me alegrava e satisfazia se foi! Fiquei inconformada e muitíssimo nervosa com a minha atitude, então repetia brava e vorazmente “Burra, besta, anta, burraaaa!!!”. Tudo bem, nunca é tarde para reconstruir uma vida, muito menos um blog, até porque, graças à tecnologia, todos os textos estão salvos, vou então publicá-los DE NOVO! Burra.
Esse é um hábito impregnado em todos nós, humanos. “Xingar” ou ser xingado com nomes de animais é uma das atitudes que faz parte do nosso cotidiano e que não paramos para pensar na amplitude do problema, ou dos problemas.
Só por causa de seu tele encéfalo altamente desenvolvido, o homem se acha superior aos outros seres do planeta, mas isso não prova que é mais inteligente, ao contrário, prova que é muito mais vil, selvagem e BURRO, ao cometer (em sã consciência) tantas indecências consigo mesmo, com os animais e com o planeta, em função das suas próprias vaidades e futilidades.
Quando um indivíduo para no cruzamento, é comum alguém berrar “ ANIMAL!!!” , quando fazemos algo estúpido (nada raro), soltamos logo um “burro!”, mas nem paramos para pensar no burrinho que carrega pesos excessivos no lombo, além de ser chicoteado na bunda para andar mais rápido longas distâncias. Algumas mulheres se referem a outras por vaca quando se sentem ameaçadas na hora de conquistar um gato (um dos raros animais que servem de elogio e não depreciação). Mas não pensamos no gado confinado, esperando a hora da morte e mal tratado nos rodeios ridículos em uma exibição patética. À pessoa sem caráter, chamamos de cobra, à mulher promíscua chamamos de galinha, aos não-muito-higiênicos chamamos de porco, e as gordinhas chamamos de baleia. Que insulto! Aos animais é claro.
É só parar para pensar e ver quão estranho é ofender os animais dessa forma, subestimando sua inteligência e capacidade e culpando-os pelas atitudes estúpidas do ser humano. Ser humano? Será?
Os animais, que segundo os “super-homens” são irracionais, levam uma vida super inteligente, possuem interessantíssimas estratégias de sobrevivência, através das mais belas cores, formas e sons, para a perpetuação da espécie. E as baleias, que são cercadas de amigos golfinhos, têm vida sexual ativa e desbravam os mares, conhecendo lugares magníficos como as Banquisas de Gelo da Antártida e os Recifes de Coral daPolinésia, e, no entanto são caçadas indiscriminadamente para virarem óleo! Por que compará-la a uma mulher para depreciá-la? Baleia deveria ser um adjetivo, não uma ofensa.

Será que essas criaturas tão simpáticas e espertas vieram ao mundo apenas para servir, sofrer e morrer? A questão sobre a função de cada indivíduo no mundo é um tanto quanto filosófica e levaria horas se analisada minuciosamente, mas não é possível que a vida fascinante e a diversidade da natureza devam ser submetidas a tantas humilhações e degradações humanas (humanas?).
Enquanto nos chamamos de animais, muitos desses pobres coitados estão presos, tentando fugir desesperadamente das gaiolas, cercas, coleiras, etc... Alguns esperando pela morte, outros pela pelagem insana que garante o casaquinho das madames.
Não que eu esteja sendo desumana ou desvalorizando minha espécie, até por que são infinitas as grandiosidades que conquistamos e continuamos conquistando, mas acho impressionante que sejamos movidos pela ânsia, ambição e efemeridades, e por isso atropelamos tudo e todos. Nas selvas há também conflitos, por comida, fêmeas, espaço talvez. Mas apenas para garantir a sobrevivência e preservação da espécie. O mundo animal dos humanos é muito mais selvagem que o dos bichos.
O burrinho, o cavalinho, a vaquinha e a galinha nada têm a ver com as idiotices humanas. Comparar-nos a eles é uma ofensa aos bichinhos indefesos, que clamam por alguém que os liberte das monstruosidades do homem, este que mais parece um monstro insensível que um ser humano. Pobres animais. Pobres homens que se dizem donos do planeta e tudo o que nele habita e, no entanto, são seres tão pequenos e infames se comparados à natureza tão bela, grandiosa e criada com tamanha perfeição.



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