Espaireça

Teresa, você é a coisa mais bonita que eu vi até hoje na minha
vida, inclusive o porquinho-da-índia que
me deram quando eu tinha seis anos.

Manuel Bandeira




Eu mario, tú marias

quarta-feira, 30 de março de 2011


Há um ano expressei minha polêmica opinião e defendi com unhas e dentes o direito de se deliciar com culturas inúteis como BBB(http://paola-barbosa.blogspot.com/2010_03_01_archive.html). Não mudei minha opinião, mas tenho que concordar com as pesquisas: esse ano foi um fracasso. O programa sofreu uma BIG queda de audiência de 59 pontos em 2002 (ano de início) para 32.
Os corpos colossais, a libertinagem desvairada e as quentes revelações sobre orientações sexuais não bastaram para manter o posto de programa mais assistido da Rede Globo em 2010.



Os motivos ainda são desconhecidos. Será que esse ano as bundas não estavam tão boas, ou os amassos tão calientes? Ou será que o Brasil ficou mais crítico? A era de ouro do BBBacabou? Leigas suposições.
Paradoxo ou não, o BBB AINDA é assunto: no bar, no twitter ou nos maiores jornais do Brasil. Me surpreendi com os inúmeros comentários instantâneos dos jornalistas da Folha de São Paulo a cada frase do Bial na anunciação do vencedor. Achei incrível! Me senti até menos culpada por fazer parte do público “sem cultura” que assiste ao reality. E não é de se estranhar que o programa superou até a presidenta do Brasil com mais de 1.700.000 tweets.
 Dado o anúncio da vencedora, os tuiteiros até se esqueceram do Alencar, Fukushima ou Gaddafi. As hotnews do momento passaram a ser a piriguete que “mariou” durante o programa inteiro e havia acabado de virar milionária.
A danada entrou até para a língua Portuguesa! “Mariar” virou verbo entre os clichês do coloquialismo. A mocinha andou mariando em sites eróticos antes de habitar a casa nem tão vigiada do Brasil, fisgou um doutor que estava a mariar e agora tem 1,5 milhões de reais para mariar a vontade!

Esse ano, realmente o BBB mariou. Mas acabou! Não é tão fútil assim vai... Enriqueceu até nosso vocabulário!

Autumn

segunda-feira, 21 de março de 2011

Feliz, me despedi do verão com um fim de semana agitado

Começo o outono com uma segunda-feira de sono

Que me domina, me fascina, me pega de jeito

O outono traz um vento que enlouquece o cabelo

Despe as poucas árvores da cidade

E traz morosidade à terra da garoa

Vejo-o entrar pela sacada, à toa

No sofá, eu e eu. Sem escolha.

Mais noite, menos dia

Mais frio, tudo o que eu queria

As águas de março fechando o verão

Trazendo uma estação nova em folha

Eu vi

segunda-feira, 14 de março de 2011

O filme “O discurso do Rei” ganhou quatro prêmios no Oscar e liderou as bilheterias britânicas, o que muito despertou a minha vontade de assistir. Mas esse sábado, assisti ao filme que lidera as bilheterias brasileiras: Bruna Surfistinha. Sei que eu poderia ter destinado meu tempo para algo mais produtivo, mas resolvi deixar o preconceito de lado e conhecer a Bruna/Raquel no corpo invejável da Debora Secco. Na sala ao lado passava o filme do nosso querido Justin Bieber. Quando me dei conta, eu estava vendo a Debora Secco pelada ao som de “you smile, i smile...”.


Sexo, dinheiro, drogas, sexo poderiam traduzir perfeitamente o filme, mas vou um pouco além.

Como toda adaptação, o filme não é fiel ao livro “O Doce Veneno do Escorpião“, escrito pela ex- prostituta de classe média que resolveu fazer programa por escolha e prazer. Não li o livro, mas sei que as páginas cheias de vulgaridade, detalhes grotescos e palavras chulas mostram uma menina que teria outras opções para atingir sua tão desejada independência financeira, diferente da versão um pouco vitimizada e romanceada que o filme cria. Não satisfeita com a sorte de “cair” em uma família rica, a garota adotada e estudante do colégio Bandeirantes tinha uma estranha compulsão pelo roubo. Roubava o pai e a mãe sem o menor remorso, logo depois abandonou a família sem se importar se morreriam de saudade e desgosto. Trocou a vida de burguesinha pela de prostituta de 17 anos para ganhar 40 reais por programa.
Mas o negócio vingou. Ela conseguiu sua autonomia, sem perceber que se tornara escrava do próprio corpo. Aberta as mais diversas experiências, a menina com cara de surfistinha foi promovida à “empresária do sexo”, encheu o bolso de dinheiro à medida que enchia seu flat de homens, a maioria deles casados e ricos, incluindo até um jogador de futebol!




A surfistinha continuou seu negócio lucrativo (enquanto isso a música do Justin continuava a invadir minha sala... baby baby baby oohh), cobrando 300 reais o programa. Continhas básicas: Cinco programas por dia (chutando muito baixo) de segunda à sexta lhe rendia cerca de R$ 30.000 por mês, mais do que muito engenheiro, médico ou jornalista.
Sob as nuances da pornografia, o filme de Marcus Baldini mostra sem vergonha alguma a absurda banalização do sexo e da fama. A garota se tornou celebridade na internet, blogueira (seu blog era acessado por quase 15 mil internautas!) e até “escritora”. Sua vida promiscua se deita nas linhas do O Doce Veneno do Escorpião, que vendeu 250 mil exemplares e foi traduzido para 15 idiomas. (Que sacanagem!). E eu estudando Jornalismo e escrevendo nesse blog abandonado com ONZE seguidores! Prefiro não entrar no campo da moral, valores ou crenças, nem discutir se assistir Bruna surfistinha é futilidade ou não (eu ainda vou assistir O discurso do rei), mas é BROXANTE ver uma prostituta com tamanha notoriedade como se fizesse por merecer. Por que será que falar de sexo, usar um micro vestido rosa ou aparecer no BBB é o bastante para ser notado e conhecido? O que vale mais, ser conhecido ou reconhecido? O ranking de bilheteria já responde à pergunta.
Apesar de tudo isso, do caráter comercial e das cenas fortes (algumas nojentas), o filme também traz um pouco de conto de fadas, por incrível que pareça. Um filme desse não é o melhor programa para um sábado à noite, mas até me surpreendi com um outro aspecto. A danada conseguiu fazer um de seus clientes (Cassio Gabus Mendes) se apaixonar perdidamente. Ele largou a esposa e hoje vive feliz para sempre não mais com a Bruna Surfistinha, mas com Raquel Pacheco, ex-garota de programa. Ele percorreu todas as curvas sinuosas do seu corpo para enfim chegar ao coração, transformando o que deveria ter sido puramente carnal no sobrenatural.



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