Espaireça

Teresa, você é a coisa mais bonita que eu vi até hoje na minha
vida, inclusive o porquinho-da-índia que
me deram quando eu tinha seis anos.

Manuel Bandeira




Liberdade é um jeans velho e desbotado

domingo, 22 de novembro de 2009

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Notavelmente nós, humanos, vivemos no embate razão- emoção e temos a dura missão de intermediar esse conflito. Um dos exemplos mais nítidos dessa guerra seria um vestibular. Num domingo insuportavelmente quente, a única vontade que dá é de ficar na piscina o dia todo, de preferência tomando uma “breja” gelada e ouvindo um samba na companhia dos amigos.
Mas não é bem assim que acontece com um pobre vestibulando. Na hora em que o sol está queimando as costas do pessoal na piscina, estamos sentados numa cadeira dura acompanhados de uma prova de 90 questões que falam desde a Antiguidade Clássica até pilha e campo magnético. É nessa hora que começa a grande guerra. A emoção começa a gritar, e pede pra que eu jogue aquela pilha de papel pela janela e saia correndo. Mas é a razão quem, quase sempre, ganha. O que fazer? “Senta e chora”? Não. Respirar fundo, contar até dez e começar.
Parece que estou indo bem, que bom! Lá pelas tantas aparece aquela questão que eu não faço a MENOR idéia de como fazer. A emoção está falando alto, mas perde de novo. E agora? Respira fundo, engole o choro e pau na máquina!
“Quem sente pára”. Até Fernando Pessoa disse isso em uma de suas grandes poesias. Até na poesia, onde há espaço para a manifestação dos sentimentos e dos desejos pessoais reprimidos, o raciocínio lógico e frio muitas vezes ganha a guerra.
Mas isso não deveria ser algo tão difícil de lidar, deveríamos estar acostumados e dar a guerra por vencida, reconhecendo a razão como vencedora. Afinal, somos a sociedade pós-industrial, vivemos na era da máquina, da velocidade, da competição e dos descartáveis. Sendo assim, aqueles que dão muita voz a desejos pessoais em detrimento do pensamento racional são fácil e rapidamente substituídos, descartados como uma garrafa pet. Triste não? É, mas não há tempo para chorar.
Até aqui, talvez eu pareça uma mal amada insensível. Não sou não, mas infelizmente não posso satisfazer meus desejos sempre, e isso me irrita bastante. Dá uma vontade louca de largar a prova no meio e pular na piscina, de dar um soco no DVD que não funciona direito, de pôr o carro na estrada e ir atrás de quem mora longe, entre outras coisas. Mas na maioria das vezes o que eu e todos fazemos é reprimir as vontades, manter a compostura, e continuar as obrigações. Assim até parece que nos, humanos, passamos a ser unidimensionais, dotados apenas de razão.
A ruptura mais nítida dessa dicotomia razão-emoção se deu na época da contra cultura dos anos 60, quando os jovens se manifestavam contra a moderna sociedade industrial e o intenso racionalismo da época. Daí o movimento hippie, que incitou milhares de jovens a lutarem por liberdade, e por um mundo que fosse alternativo ao “sistema”. As drogas, aliás, serviam para atingir a transcendência material de que tanto falavam.
Claro que não estou pregando nada contra o racionalismo, muito menos a favor das drogas, apenas dizendo o quanto é difícil balancear nossas decisões levando em conta apenas um aspecto, norteados apenas por um lado do cérebro. O ideal seria o equilíbrio entre o racional e o emocional. Ainda assim imagino como seria adotar, ao menos por um dia, o pensamento dos jovens da década de 60.
Seria tão legal acordar um dia, olhar pela janela e pensar: “Que dia lindo! Hoje não vou trabalhar, vou dar uma volta no parque, ou quem sabe descer para a praia...”. Isso até poderia acontecer (quem sabe um dia eu faça isso), mas o peso na consciência tornaria aquele sol em imensas nuvens pretas e carregadas de culpa à medida que nos lembramos do dia perdido no trabalho, do relatório que era para ser entregue, daquela prova... Enfim, das coisas chatas que geralmente ocupam nosso cotidiano.
A vida é cheia de pedras no caminho mesmo né? E apesar de difícil, ela nos vai ensinando a lidar com essa guerra que todos temos que suportar. Apesar também do pensamento racional que predomina, ainda acredito que em um dia estressante, no meio do trânsito, podemos olhar para o céu, pensar na vida, viajar, falar com Deus, enfim, dar voz à emoção. Mesmo com tanta competição e corrupção, ainda acredito nas pessoas, na poesia, até no amor.
E quem sabe até mesmo, quando aparecer uma pedra no caminho, não possamos sentar em cima dela e chorar.

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Meaning

terça-feira, 4 de agosto de 2009

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http://www.youtube.com/watch?v=bAK4kI37nZM
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Já faz uns anos quando ouvi essa música pela primeira vez, mas me lembro como se fosse hoje. Lembro-me perfeitamente... Foi em meu ano de intercambio nos EUA, estávamos meu “irmão” e eu a caminho da escola, atrasados como de costume. As imagens são muito nítidas, devia ser outono, sei lá, sei que chovia bastante, estávamos em um carro branco velho, eu estava com frio e o aquecedor levava algum tempo para funcionar. Sempre fui de poucas palavras, e Nathan era esquisito, era legal, mas nunca conseguíamos bater um papo como eu fazia com os outros, de manhã então, o diálogo se limitava à: “Morning!... Morning.”

Aquela era uma manhã como todas as outras, ou pelo menos deveria ter sido, mas a guardo na memória desde então.
Em meio àquele marasmo matutino e chuvoso me surpreendi com aquele teclado e aquela voz... Surpreendi-me ainda com o fato de Nathan estar ouvindo aquela música, já que ele sempre ouvia suas coisas estranhas. Pareceu-me que ele havia feito uma exceção. A escola era aproximadamente 5 minutos de casa, então pude ouvir a música inteira.

E durante aqueles 3 minutos de música fui estranhamente feliz, fiquei imóvel, meus olhos fixavam apenas um ponto do pára-brisa, onde a chuva caia não com muita força, mas de um jeito que me fazia adorar aquele momento ainda mais. E ao mesmo tempo em que aquela sensação maravilhosa me tomava, eu temia que ele mudasse a música. Na verdade esse foi meu único pensamento naqueles breves momentos, eu esqueci o frio que sentia, esqueci que teria aula em poucos instantes, aquela harmonia perfeita de voz, teclado e chuva me causaram um tipo de êxtase que eu não queria que acabasse logo. Acho que foram os 3 minutos mais bem vividos do dia.

Depois daquele dia, passei a ouvir mil vezes por dia. Não sei bem até quando me lembrarei daquela manhã. Hoje tenho uma nova música favorita a que ouço mil vezes por dia, mas ainda quando me dou por escutar aquela, lembro da chuva batendo no pára-brisa do carro branco velho, e um esquisito ao meu lado.

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Sweet vacation

domingo, 12 de julho de 2009

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Tomorow i'm gonna wake up,
the sky is gonna be blue,
with the sun shinning through
.I'm gonna wake up
and i'm gonna feel fine
It's gonna sound like music
it's gonna smell like fresh coffe
and i'm gonna be free
La la la .....



Aeroportos

domingo, 14 de junho de 2009



Ontem fui ao aeroporto de Guarulhos, programação atípica para mim num sábado à noite. Adoro aeroportos, principalmente os internacionais, não sei bem o porquê, mas eles têm um clima que me contagia de uma forma simplesmente inexplicável! Não sei se são as pessoas que transitam elegantemente com suas bagagens, pessoas na maioria das vezes muito bonitas e estilosas, não sei se são as revistarias maravilhosas onde eu passaria horas, se são os quitutes dos cafés, típicos para os que estão à espera de um vôo,tomando um cappuccino enquanto lêem um livro ou jornal (meu sonho), ou se é minha tremenda paixão por viagens, principalmente internacinais.
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Mas o que mais me chama a atenção é o fato de ser um lugar muito paradoxal, e até engraçado. É um lugar onde as pessoas geralmente choram, ou ficam muito felizes, dependendo do andar em que estão. Subindo a escada rolante estão as tabelas dos vôos de partida, muitas lojas caras e comidas interessantes, pessoas fazendo check-in e despachando malas, se preparando para os departures. Mas logo logo estão essas mesmas pessoas na fila dos portões de embarque despedindo-se de seus familiares, amigos, amores, tirando fotos, abraçando, beijando, e muitas vezes chorando. Algumas despedidas são tranquilas, outras muito dolorosas, mas são sempre despedidas.
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Descendo a escada rolante estão os painéis com os arrivals, os portões de desembarque e pessoas esperando ansciosamente. A cada abertura automática de porta (maldita porta, era melhor que não houvesse porta alguma), arregalam-se os olhos, esticam-se os pescoços na vibrante expectativa de ver alguém querido, mas logo há uma expressão de decepção ao ver que o viajante que passa pela porta não é o esperado. É uma sensação boa e ruim ao mesmo tempo, estranho, mas compreensível, já que aeroporto é o lar dos paradoxos. E essa cena se passa repetidas vezes, até que finalmente a porta se abre e a gente avista o rosto mais esperado do dia, nessa hora não se sabe bem o que fazer, se é melhor esperar que ela chegue até você, mantendo a classe, ou sair correndo de encontro a ela pensando " dane-se a classe, minha amiga chegou!!". Eu optei pela segunda.
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Aeroporto é, além de um lugar de sensações contraditórias, um lugar de lembranças, alguns lembram coisas boas, outros, sempre lembrarão coisas ruins, como os parentes das vítimas do Air France. Para eles, infelizmente, aeroportos sempre lembrarão o ultimo abraço, o último beijo. Deixando as tragédias de lado... Engraçado um lugar onde reina a alegria, euforia, a tristeza e o choro ao mesmo tempo. Um lugar onde se ri e se chora ao mesmo tempo.
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Dessa vez eu fui para rir.
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Look at this photograph...

sábado, 6 de junho de 2009

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Look at this photograph
Everytime I do it makes me laugh
How did our eyes get so red
And what the hell is on Karin's head
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And this is where I grew up
I think the present owner fixed it up
I never knew we'd ever went without
The second floor is hard for sneaking out
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Every memory of looking out the back door
I had the photo album spread out on my bedroom floor
It's hard to say it, time to say it
Goodbye, goodbye
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Every memory of walking out the front door
I found the photo of the friend that I was looking for
It's hard to say it, time to say it
Goodbye, goodbye
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I miss that town
I miss the faces
You can't erase
You can't replace it
I miss it now
I can't believe it
So hard to stay
Too hard to leave it
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If I could relive those days
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Nickelback-Photograph
(adaptada)


We are....

quinta-feira, 23 de abril de 2009

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Confesso que estou com preguiça de escrever, mas que o Ctrl c - Crtl v desta sinopse sirva de reflexão e estímulo. ;)
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Somos Marshall é uma história real inspiradora acontecida em Huntington, West Virginia, uma pequena cidade impregnada pela rica tradição do futebol americano universitário. Por décadas, jogadores, treinadores, fãs e familiares se reúnem para torcer pelo time 'Thundering Herd' da faculdade de Marshall. Para o time e para a sua comunidade, o futebol da universidade de Marshall é muito mais do que um esporte, chega a ser um estilo de vida. Mas em uma inevitável noite em 1970, enquanto retornavam para Huntington após um jogo na Carolina do Norte, 75 membros do time, além da equipe técnica morreram em um acidente de avião. Para aqueles que foram deixados para trás, para lutarem com a devastadora perda dos seus entes queridos, as famílias em luto encontraram esperança e forças na liderança de Jack Lengyel, um jovem treinador determinado a reconstruir o programa escolar de futebol americano da universidade de Marshall.

...Marshall !
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Soneto de aniversário

quinta-feira, 5 de março de 2009

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Passem-se dias, horas, meses, anos
Amadureçam as ilusões da vida
Prossiga ela sempre dividida
Entre compensações e desenganos.
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Faça-se a carne mais envilecida
Diminuam os bens, cresçam os danos
Vença o ideal de andar caminhos planos
Melhor que levar tudo de vencida.
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Queira-se antes ventura que aventura
À medida que a têmpora embranquece
E fica tenra a fibra que era dura.
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E eu te direi: amiga minha, esquece...
Que grande é este amor meu de criatura
Que vê envelhecer e não envelhece.
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Vinícius de Morais

Andar solitário entre a gente

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

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Que não seja imortal, posto que é chama....
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Estar de férias é ótimo, surge uma sensação de liberdade, descarrego, dá uma vontade enorme de fazer milhões de coisas ao mesmo tempo, tudo aquilo que foi adiado, ou cancelado por causa das obrigações do dia-a-dia. É o momento em que todas as preocupações são esquecidas, ainda que por um curto período, e só no que pensamos é diversão, lazer e tudo o que há de bom. Mas chega uma hora que o tédio toma conta e começa a reinar nas tardes vazias, parece que tudo já foi feito, não há mais para onde ir e nem a quem recorrer, então o indivíduo tem que apelar para modos mais simples de entretenimento, a televisão por exemplo. Foi o que aconteceu comigo um dia desses, após muita diversão e praia, me deparei deitada no sofá passando por todos os canais possíveis, procurando com impaciência por algo que me chamasse à atenção, parece que até a TV conspirava contra mim.
Até que numa bela tarde solitária entrei em uma maratona de filmes, todos pegos na metade, nenhum inédito para mim, o primeiro deles: Hitch, o conselheiro amoroso, logo após, Cidade dos anjos, Vestida para casar, The Notebook, Mensagem para você, e para fechar com chave de ouro, PS: eu te amo. Foi uma tarde super fofa, lotada de filmes românticos, piegas e melosos, porém muito diferentes uns dos outros, cada um com sua particularidade e charme.
A irreverência de Hitch me fez rir e admirar um cara divertido e atrapalhado como ele, e vi que o amor é tão atrapalhado quanto. Em Cidade dos anjos me impressionou o amor platônico e incondicional que surge de repente em alguém a ponto de abrir mão da imortalidade e condição “divina” para viver tão brevemente como um pobre mortal apaixonado. Qualquer mulher, principalmente as mais idealistas e românticas sonha com o príncipe encantado e perfeito, às vezes já até o encontrou, mas nem imagina que ele seja aquele cara irritante com quem vive discutindo, é isso que mostra o filme Vestida para casar, em que um jornalista gato faz o papel do príncipe oculto que só se manifesta no fim do filme, claro. E o destino prevalece sobre qualquer condição, distância ou tempo em: The Notebook. O mais próximo da realidade acho que é  Mensagem para você, e o mais sem graça também, as trocas de emails que ocupam quase o filme inteiro não são nenhuma novidade ou algo muito emocionante, não assisti até o final, mas não é tão difícil de prevê-lo.
Nota-se que o amor é o grande protagonista de todos esses filmes, e que mesmo após muitas reviravoltas, momentos tensos de dúvida sobre o final do mocinho e da mocinha, tudo acaba da forma mais esperada pelos telespectadores (pelo menos na maioria das vezes), uma exceção seria PS: Eu te amo, já que se mostra a dor à qual todos estão sujeitos ao perder um grande amor, principalmente de uma forma tão trágica, esse é triste, mas recomendo. Enfim, todos se tratam desse sentimento inevitável e inexplicável, que predomina também no livro: Eclipse, continuação de Crepúsculo e Lua nova.
Considerando que a vida em geral pode também ser um longo filme ou livro, as confusões de amor são muito freqüentes, fazem do tema um grande jogo, cujo fim é muito difícil de prever, todos almejam um final feliz, claro, mas algumas vezes alguém sai perdendo, infelizmente. É como um difícil quebra-cabeça em que sempre sobra uma peça, às vezes sobram duas, ou mais, mas elas não se encaixam, parece injusto... Paciência! É inútil tentar entender o que nos faz gostar desse ou daquele, será sempre um mistério, já que o coração tem razões que a própria razão desconhece, são os "dogmas" do amor. Seja ficção ou realidade, o desencadeamento de paixões ocorre quando menos se espera, é simplesmente inevitável, inenarrável, e a paixão que se nutre por um anjo, vampiro, ou humano simplesmente, parece ter a mesma intensidade.
O sonho de um dia encontrar a metade da laranja, a tampa da panela, ou alma gêmea ainda permeia na cabeça de muitos, e essas expressões bregas que definem a pessoa “perfeita” são a prova de que o amor idealizado e utópico é tão brega quanto. Ninguém é perfeito pra ninguém, basta ter paixão suficiente. Toda panela nova se encaixa com perfeição na tampa, mas com o tempo, principalmente se não for muito bem cuidada ela vai se desgastando, ganha um amasso ou perde o cabo, e aí tampar a panela fica mais difícil. Talvez a questão não seja ser panela ou ser tampa, mas sim saber cozinhar, desse modo não se precisa de panelas que sirvam perfeitamente em suas tampas para que a comida fique boa.
Assim como nos livros, novelas e filmes de finais felizes em que, após a turbulência, todos acabam bem, e por fim encontrando suas “caras metades”, acredito que alguma hora, uns mais cedo outros mais tarde, todos acabam com a pessoa esperada (ou com a inesperada), que faz o coração bater mais forte e tira o fôlego, uns se casam, outros não, uns ficam juntos para sempre, outros não....
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...mas que seja infinito enquanto dure.
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First of the year

domingo, 25 de janeiro de 2009

Deitar na grama com camiseta branca
Olhar o céu nublado
Sentir a brisa no rosto
Ler o livro favorito até arder os olhos
Andar de meia pela casa inteira
Comer chocolate até desmaiar
Ouvir músicas antigas
Checar milhões de emails não lidos
Conversar com o mesmo amigo pelo MSN, Orkut e Blog ao mesmo tempo
Perder a noção do tempo
Esquecer que EXISTE celular
E uns dias na praia são muito bem vindos
Passar a tarde de domingo na casa da avó sem se preocupar com a maldita segunda feira!!

FÉRIAS!!
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