Espaireça

Teresa, você é a coisa mais bonita que eu vi até hoje na minha
vida, inclusive o porquinho-da-índia que
me deram quando eu tinha seis anos.

Manuel Bandeira




A cotidianidade dos jornalistas

quarta-feira, 28 de setembro de 2011


Tendo em vista o poder da comunicação, o texto de Viviane Marques Guedes A cotidianidade dos jornalistas ressalta a falsa ideia que se tem do fazer jornalístico. Disciplina e comprometimento com a verdade são palavras chave apregoadas pelo senso comum dessa profissão de guerreiros, mas não traduzem exatamente os processos de construção de notícias.
De fato, esses conceitos guiam o jornalismo. Além disso, requer-se muita disciplina, uma vez que os fatos não ocorrem com hora marcada, exigindo do profissional muita disposição para cobri-los e informar a sociedade. No entanto, deve-se compreender que, embora haja uma busca pela imparcialidade, somos condicionados às regras editoriais do veiculo, pautadas sob a ótica capitalista, fazendo com que a imagem de heróis do sistema democrático seja dissolvida nos bastidores da profissão.
Embora os jornalistas sejam envolvidos com a sociedade, vale ressaltar que a mídia não é o espelho da realidade, e nós não nascemos para mudar o mundo, apenas para transformar os fatos em notícia e, mais do que isso, vendê-las. Logo, a corrida contra o relógio serve muito mais para desbancar o concorrente do que para informar o público rapidamente.
A rotina dos jornalistas é justamente não ter rotina, a cada dia, um fato novo, uma notícia nova. Assim, trava-se uma injusta batalha entre a vida pessoal e profissional. Porém, trabalhar 24 horas por dia, como disse uns dos entrevistados por Viviane, é decerto um exagero, senão uma generalização. Jornalistas têm um leque imenso de opções de trabalho, o que permite uma rotina mais maleável dependendo do veículo em que trabalha e da função que exercem. Não se deve permitir que a vida profissional sobreponha à pessoal, já que, segundo Karl Marx, isso implica perda de identidade e alienação. Além disso, as horas extenuantes de trabalho são refletidas na apuração das notícias, trazendo problemas no processo informativo.
Entretanto, a citação de Fernando Pessoa “Ai que prazer não cumprir um dever (...)”, não encontra espaço na rotina do jornalista. Muito pelo contrário, apesar de seguirmos uma ideologia corporativa, temos o dever e o prazer de prestar um serviço público de forma séria e responsável.  

Planeta dos macacos: a origem

quinta-feira, 8 de setembro de 2011



Lá, o protagonista não é o homem. Quem assiste torce contra sua própria espécie e percebe o quanto pode ser vulnerável.
A riqueza de emoções e sentimentos transmitidos por Caesar e sua capacidade excepcional de raciocínio nos faz questionar a superioridade humana. Quem é o primitivo, o homem ou o macaco?
Lá, o feitiço vira contra o feiticeiro, a criatura contra o criador.
Entre a lógica e a ficção, a narrativa de Rupert Wyatt e seus efeitos captam toda a atenção do telespectador, trazendo reflexões sobre o duelo entre a ambição do homem e a força da natureza. Seria possível uma vida harmoniosa?
Aparentemente inferiores, os macaquinhos acabam dando uma lição de união e companheirismo aos bípedes com telencéfalo altamente desenvolvido e polegar opositor, capazes de destruir a própria raça.
Com tecnologia e sofisticação, o filme não apela para a pirotecnia ou explosões desnecessárias para liderar as bilheterias.


Planeta dos Macacos, a origem. Vale a pena!

Os fins justificam os meios

quinta-feira, 1 de setembro de 2011


O ditado, já incorporado pelo senso comum, de que o poder corrompe, torna-se cada dia mais verdadeiro à medida que se tem notícias da política brasileira. A atual crise ministerial do governo Dilma deixa claro que a corrupção e o poder caminham de mãos atadas rumo à deterioração da máquina estatal. A faxina nos ministérios aparece nesse cenário como uma política paliativa à atual conjuntura no Congresso, uma vez que a corrupção é fruto de fatores históricos, podendo ser considerada endêmica.
Em oito meses de governo, com a faxina no Ministério dos Transportes, a cota do PR e a operação Voucher, da Polícia Federal, que fez uma devassa no Ministério do Turismo, Dilma parece agir de forma correta a fim de combater a corrupção.
No entanto, preocupada com a insatisfação crescente da “base da estabilidade do governo”, Dilma mudou de idéia dizendo que só mexerá nos ministérios se for da vontade dos ministros. Terá sido uma decisão amistosa ou uma articulação política para evitar uma CPI? Uma vez que o PT tem a maior parte dos ministérios, é interessante que ele se mantenha unido para que não haja apurações de denúncias de corrupção no Executivo. Dilma está na corda bamba.
Segundo o historiador renascentista Nicolal Maquiavel, mais importante do que conquistar o poder é manter se nele, idéia consagrada pela sua frase “Os fins justificam os meios”, segundo a qual tudo é válido, seja ético ou não, para permanecer no domínio. Dilma suspende a faxina para conter seus aliados e mantém a casa suja mesmo. Dessa forma, a idéia de Maquiavel contrapõe nitidamente a política e a moral, tomando as formas do congresso nacional.

Uma semana quente de inverno

segunda-feira, 25 de julho de 2011


Às 9:30 era o café da manhã, que ia de salada de fruta à tapioca. Às 10:30, começava o vôlei de areia na "Praia do Cerrado". E o jogo fervia até que o pé não aguentasse mais e o sol vencesse toda a disposição. Sem nuvens no céu, 28 graus. Muita comida, água quente e axé. Inverno atípico.  
Essa foi a sensacional semana no Rio Quente Resorts- Goiás.
Desliguei o celular, me desliguei do mundo. Senti a vida sem secador, chapinha e redes sociais.
Convivi com três marmanjos (irmão e primos) e tive que me adaptar com a praticidade masculina: banhos rápidos, unhas mal feitas, roupas simples. Relaxei em todos os sentidos, me diverti com coisas tão bobas que quase votei à infância.

 As fotos não chegam sequer perto do calor da última semana, mas ajudam a perpetuar os bons momentos...


                                   
                                                                   Relax ;)

                                                                  escoltada


                                                                        Shows



                                                Campeões entre tapas e beijos!

                                                                Bar Brahma

uns mais animados...

outos nem tanto!
a dança dos botinhos
um pouco de fila faz bem


Depois do axé, alongamento


Agora, me preparo para a velha segunda-feira regada a trabalho e faculdade. Do paraíso de águas quentes só me restam uma marca de biquini e uma medalha de volei.
Amanhã, o café é às 7, só vai ter iogurte ou bisnaguinha, o que tiver de mais prático.  Água quente só no banho que encerra o dia corrido. Vôlei de areia só no Ps3.
Foi muito bom enquanto durou, mas tenho que encarar que estou de volta à fria rotina de São Paulo.




Caça-palavras psicológico

sexta-feira, 6 de maio de 2011


Achei esse negócio no blog do Tas. Muito legal! As 3 primeiras palavras que você achar vão te definir. Será? Não custa tentar né?!  

As minhas foram " Ciúmes" e " Preguiça". Vou poupá-los da terceira :)

Boa Sexta-feira!!

Eu mario, tú marias

quarta-feira, 30 de março de 2011


Há um ano expressei minha polêmica opinião e defendi com unhas e dentes o direito de se deliciar com culturas inúteis como BBB(http://paola-barbosa.blogspot.com/2010_03_01_archive.html). Não mudei minha opinião, mas tenho que concordar com as pesquisas: esse ano foi um fracasso. O programa sofreu uma BIG queda de audiência de 59 pontos em 2002 (ano de início) para 32.
Os corpos colossais, a libertinagem desvairada e as quentes revelações sobre orientações sexuais não bastaram para manter o posto de programa mais assistido da Rede Globo em 2010.



Os motivos ainda são desconhecidos. Será que esse ano as bundas não estavam tão boas, ou os amassos tão calientes? Ou será que o Brasil ficou mais crítico? A era de ouro do BBBacabou? Leigas suposições.
Paradoxo ou não, o BBB AINDA é assunto: no bar, no twitter ou nos maiores jornais do Brasil. Me surpreendi com os inúmeros comentários instantâneos dos jornalistas da Folha de São Paulo a cada frase do Bial na anunciação do vencedor. Achei incrível! Me senti até menos culpada por fazer parte do público “sem cultura” que assiste ao reality. E não é de se estranhar que o programa superou até a presidenta do Brasil com mais de 1.700.000 tweets.
 Dado o anúncio da vencedora, os tuiteiros até se esqueceram do Alencar, Fukushima ou Gaddafi. As hotnews do momento passaram a ser a piriguete que “mariou” durante o programa inteiro e havia acabado de virar milionária.
A danada entrou até para a língua Portuguesa! “Mariar” virou verbo entre os clichês do coloquialismo. A mocinha andou mariando em sites eróticos antes de habitar a casa nem tão vigiada do Brasil, fisgou um doutor que estava a mariar e agora tem 1,5 milhões de reais para mariar a vontade!

Esse ano, realmente o BBB mariou. Mas acabou! Não é tão fútil assim vai... Enriqueceu até nosso vocabulário!

Autumn

segunda-feira, 21 de março de 2011

Feliz, me despedi do verão com um fim de semana agitado

Começo o outono com uma segunda-feira de sono

Que me domina, me fascina, me pega de jeito

O outono traz um vento que enlouquece o cabelo

Despe as poucas árvores da cidade

E traz morosidade à terra da garoa

Vejo-o entrar pela sacada, à toa

No sofá, eu e eu. Sem escolha.

Mais noite, menos dia

Mais frio, tudo o que eu queria

As águas de março fechando o verão

Trazendo uma estação nova em folha

Eu vi

segunda-feira, 14 de março de 2011

O filme “O discurso do Rei” ganhou quatro prêmios no Oscar e liderou as bilheterias britânicas, o que muito despertou a minha vontade de assistir. Mas esse sábado, assisti ao filme que lidera as bilheterias brasileiras: Bruna Surfistinha. Sei que eu poderia ter destinado meu tempo para algo mais produtivo, mas resolvi deixar o preconceito de lado e conhecer a Bruna/Raquel no corpo invejável da Debora Secco. Na sala ao lado passava o filme do nosso querido Justin Bieber. Quando me dei conta, eu estava vendo a Debora Secco pelada ao som de “you smile, i smile...”.


Sexo, dinheiro, drogas, sexo poderiam traduzir perfeitamente o filme, mas vou um pouco além.

Como toda adaptação, o filme não é fiel ao livro “O Doce Veneno do Escorpião“, escrito pela ex- prostituta de classe média que resolveu fazer programa por escolha e prazer. Não li o livro, mas sei que as páginas cheias de vulgaridade, detalhes grotescos e palavras chulas mostram uma menina que teria outras opções para atingir sua tão desejada independência financeira, diferente da versão um pouco vitimizada e romanceada que o filme cria. Não satisfeita com a sorte de “cair” em uma família rica, a garota adotada e estudante do colégio Bandeirantes tinha uma estranha compulsão pelo roubo. Roubava o pai e a mãe sem o menor remorso, logo depois abandonou a família sem se importar se morreriam de saudade e desgosto. Trocou a vida de burguesinha pela de prostituta de 17 anos para ganhar 40 reais por programa.
Mas o negócio vingou. Ela conseguiu sua autonomia, sem perceber que se tornara escrava do próprio corpo. Aberta as mais diversas experiências, a menina com cara de surfistinha foi promovida à “empresária do sexo”, encheu o bolso de dinheiro à medida que enchia seu flat de homens, a maioria deles casados e ricos, incluindo até um jogador de futebol!




A surfistinha continuou seu negócio lucrativo (enquanto isso a música do Justin continuava a invadir minha sala... baby baby baby oohh), cobrando 300 reais o programa. Continhas básicas: Cinco programas por dia (chutando muito baixo) de segunda à sexta lhe rendia cerca de R$ 30.000 por mês, mais do que muito engenheiro, médico ou jornalista.
Sob as nuances da pornografia, o filme de Marcus Baldini mostra sem vergonha alguma a absurda banalização do sexo e da fama. A garota se tornou celebridade na internet, blogueira (seu blog era acessado por quase 15 mil internautas!) e até “escritora”. Sua vida promiscua se deita nas linhas do O Doce Veneno do Escorpião, que vendeu 250 mil exemplares e foi traduzido para 15 idiomas. (Que sacanagem!). E eu estudando Jornalismo e escrevendo nesse blog abandonado com ONZE seguidores! Prefiro não entrar no campo da moral, valores ou crenças, nem discutir se assistir Bruna surfistinha é futilidade ou não (eu ainda vou assistir O discurso do rei), mas é BROXANTE ver uma prostituta com tamanha notoriedade como se fizesse por merecer. Por que será que falar de sexo, usar um micro vestido rosa ou aparecer no BBB é o bastante para ser notado e conhecido? O que vale mais, ser conhecido ou reconhecido? O ranking de bilheteria já responde à pergunta.
Apesar de tudo isso, do caráter comercial e das cenas fortes (algumas nojentas), o filme também traz um pouco de conto de fadas, por incrível que pareça. Um filme desse não é o melhor programa para um sábado à noite, mas até me surpreendi com um outro aspecto. A danada conseguiu fazer um de seus clientes (Cassio Gabus Mendes) se apaixonar perdidamente. Ele largou a esposa e hoje vive feliz para sempre não mais com a Bruna Surfistinha, mas com Raquel Pacheco, ex-garota de programa. Ele percorreu todas as curvas sinuosas do seu corpo para enfim chegar ao coração, transformando o que deveria ter sido puramente carnal no sobrenatural.



Despedida do trema

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

(autor desconhecido)


É uma tremenda aula de criatividade e bom humor, com acentuada inteligência


Estou indo embora. Não há mais lugar para mim. Eu sou o trema.Você pode nunca ter reparado em mim, mas eu estava sempre ali, na Anhangüera, nos aqüiféros, nas lingüiças e seus trocadilhos por mais de quatrocentos e cinqüentas anos.
Mas os tempos mudaram. Inventaram uma tal de reforma ortográfica e eu simplesmente tô fora. Fui expulso pra sempre do dicionário. Seus ingratos! Isso é uma delinqüência de lingüistas grandiloqüentes!...

O resto dos pontos e o alfabeto não me deram o menor apoio... A letra U se disse aliviada porque vou finalmente sair de cima dela. Os dois pontos disseram que sou um preguiçoso que trabalha deitado enquanto eles ficam em pé.

Até o cedilha foi a favor da minha expulsão, aquele C cagão que fica se passando por S e nunca tem coragem de iniciar uma palavra. E também tem aquele obeso do O e o anoréxico do I. Desesperado, tentei chamar o ponto final pra trabalharmos juntos, fazendo um bico de reticências, mas ele se negou, sempre encerrando logo todas as discussões. Será que se deixar um topete moicano posso me passar por aspas?... A verdade é que estou fora de moda. Quem está na moda são os estrangeiros, é o K, o W "Kkk" pra cá, "www" pra lá.

Até o jogo da velha, que ninguém nunca ligou, virou celebridade nesse tal de Twitter, que aliás, deveria se chamar TÜITER. Chega de argüição, mas estejam certos, seus moderninhos: haverá conseqüências! Chega de piadinhas dizendo que estou "tremendo" de medo. Tudo bem, vou-me embora da língua portuguesa. Foi bom enquanto durou. Vou para o alemão, lá eles adoram os tremas. E um dia vocês sentirão saudades. E não vão agüentar!...

 Nos vemos nos livros antigos. Saio da língua para entrar na história.

Adeus,

Trema.





Chuva de verão

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011


Ela bate na janela
Atiça meu sono, me adormece, apetece
O som da chuva me é um deleite
Assim dizem os outros da "elite"

Do outro lado da cidade ela é antipática
Por vezes assassina
Chove grosseira e torrencialmente
Lava a rua.
Leva carro, casa, leva gente.

Em todos os canais já é notícia
o caos da cidade de pouca milícia
A tempestade que vem aos solavancos
Traz enchentes, desfaz barrancos
Leva gente.

Avassaladora, rende o pobre homem
Em especial o ribeirinho
Poe a vida por um fio
Segue seu trágico descaminho. São Paulo, Rio.
Sem pudor ou razão
Faz do choro o som das chuvas de verão


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