Espaireça

Teresa, você é a coisa mais bonita que eu vi até hoje na minha
vida, inclusive o porquinho-da-índia que
me deram quando eu tinha seis anos.

Manuel Bandeira




Pretérito imperfeito

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010


Foi se o tempo quando o pão francês era 10 centavos, quando se podia sair com apenas meia hora de antecedência para a escola, foi se o tempo da enciclopédia Barsa, do esconde-esconde na rua, do castelo Rá-tim-bum e Chaves.
Nem parece que passou tanto tempo assim, da época que é tão enaltecida depois que passa, da melhor fase da vida segundo muitos: a infância. Lembro-me, como se fosse hoje, de chegar da escola e assistir Tom e Jerry e Pica-Pau enquanto esperava pelo almoço na casa da vó. Parece que ainda ouço a velhinha gritando “Deixa a televisão e vem almoçar, menina!”. Nem sou tão velha assim vai... Quem tem 19 anos está apenas no começo de uma longa vida, ainda tem muito tempo para viver, ser feliz, fazer cagada, sofrer, chorar, se arrepender, se apaixonar, desapaixonar e muito mais...
Mesmo nesse momento nostalgia, chego à conclusão de que a saudade que mais dói é aquela que se tem do que não aconteceu, do sonho que estava a um passo de nós, mas continuou sendo apenas sonho. Aí vem a tortura do arrependimento... Se eu pudesse voltar pelo menos 6 meses! O que eu poderia ter feito diferente, ou melhor? Ah se eu tivesse esperado 5 minutos...
Já que não dá para voltar no tempo e não adianta remoer e contorcer o que aconteceu (ou que não aconteceu), se contorcer e se remoer, talvez o lance da vida seja cavar um buraco gigante, enterrar os escombros do passado, passar uma argamassa em cima e começar a construir tudo de novo. O negócio é dar um jeito e aprender (nem que seja na marra) a ser feliz com o que  se tem. E agora. Ao invés de esperar a felicidade chegar um dia... Logo logo sou eu que vou gritar “Deixa a televisão e vem almoçar!” .
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1 comentários:

Alessandro Viana disse...

você sabe o que é mais fascinante sobre o tempo são as lembranças que permanecem na mente. Mas claro que nos esforçamos para manter vivo somente as coisas boas e plausiveis.

Gostei do seu blog !
Atenciosamente

Alessandro

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